Do Outro Lado do Bloco

A fome acabou, não existem mais crianças nas ruas,
a criminalidade foi extinguida, no Iraque ninguém morreu...

Ao menos durante 100hs o “Brasil” parou. Não existiam mais
meus problemas, ou do meu vizinho, e a crise financeira?
As eleições? A guerra entre policias? As eleições americanas?
Nada, o mundo parou, o “Brasil” parou seu mundo...


A mídia toda cobria um caso, a policia paulista em boa parte
se dedicava a apenas um caso, os políticos? Também.
O governador não negociou com a policia civil. A globo não criticou

nenhuma gafe do Lula, ou sobre alguma invasão do MST, a veja não
descobriu nenhum escândalo do PT...

Por 100hs, e mais outras 1000 ate o público alienado e insaciável por
um motivo para mostrar que é informado se cansar do caso, vendemos
nossas almas à análises infundadas, criticas sem nexo e coberturas sem
novidades de um caso que “abalou o pais”.

Por 100hs a Tv Brasil virou um imenso “Superpop”, não que já não sejam,
mas conseguiu-se ate entender a mente de alguém que nunca viram, que
nunca ligaram, que sempre foi só mais um. Peritos analisaram o
comportamento e afirmaram ele é um desequilibrado sem coração ou razão...

Por 100hs o Brasil teve um vilão na “vida real”, alguém que nunca fizeram
questão de conhecer.
A sociedade se comoveu, torceu, chorou, vibrou,ficou tensa, reclamou:

”A policia agiu mal, ela errou, deveria ter entrado logo...”
“A policia errou mesmo eles deveriam ter esperado, entraram precipitadamente

e olha o que deu...”
A sociedade manifestou-se enfim, em torno de um motivo comum.

Mas afinal qual é realmente nossa sociedade?
A opinião pública, que não é a opinião do público e sim dos que influenciam

o público, se dedicou inteiramente a retransmitir um único caso, destacar
3 pessoas, entre mais de 180 milhões, a mídia tornou um caso dramático de
algumas famílias em uma novela global, em que não importa que o vilão morra,
ou que a mocinha termine com uma bala na cabeça, o importante é que a audiência
continue alta e os patrocinadores continuem a anunciar suas marcas nos intervalos.

Os jovens continuaram a morrer nas periferias, isso se sabe, pois existem
ainda retransmissoras de televisão locais, os servidores continuam em greve,
e a educação precária.
O que a “sociedade”, agora com a mesma opinião da opinião pública, não entende

é que não é que o caso não mereça importância, mas que ele foi e continua sendo repassado inúmeras vezes com um único intuito: Para que você esqueça dos outros problemas.

Pois para se conseguir uma população que não reclame ela precisa não saber que não esta bem, ela precisa pensar que o seu mundo não existe...

Se não passa drogados na tv então ninguém utiliza mais drogas...

Não vi ultimamente os hospitais superlotados da rede pública, então os governantes fizeram um mutirão e contrataram mais médicos e construíram hospitais...

Não vi os marginais assaltando nos sinais, nem crianças nas ruas, talvez eles tenham começado a ir à escola...

Não vi... nenhuma família que passa fome...

Mas isso...

isso não se vê, isso não dá IBOPE...

PS: Esta crônica foi feita ainda no sábado, dia 17, portanto antes da morte de Eloá, ele foi feito sem uso de backspace, pois assim achei-o mais verdadeiro.

Sensibilizo-me pelo caso, pelas familias, pelas vidas, mas não com o romance "novelistico" em que isso foi tranformado. Chega de a Midia dizer quando devo chorar, ou sorrir...

2 comentários:

  Nayi Paz

26 de outubro de 2008 às 01:18

E cá estou para deixar meu comentário... Eu a principio nem sabia do caso... Sou meio perdida dessas realidades, mas, eu realmente me impressionei bastante... Eu sou uma pessoa mto assustada, e tipo, isso é algo que pode acontecer com qualquer um de nós... Afinal, nunca se sb com quem se convive ao certo... Claro que as pessoas fazem td um jogo de sedução com algo sério... Mas, são coisas que acontecem...
Sua crônica foi bem forte e eu costumo nem me interar dos casos do mundo... Eles me fazem tão mal... Eu ando meio desligada... Pra evitar mais sustos a cada gota de chuva... Mas, sei que temos muitas coisas feias no mundo pra resolver... Muitas... E o caso da Eloá foi só mais um entre vários que se perdem no tempo...

enfim,

precisando de minha ajuda para projetos pode chamar... :)

num é?? Troca de comentários total entre eu, tu e joesle!! :)

bjimmmmmm
Saudades de te ver...
e pq eu sou emo??
kkkkkkkkkk

PS eu já percebi que vc gosta de comentar comentários...

  Nayi Paz

26 de outubro de 2008 às 01:22

Comentário enormeeeeeee....